A forte seca que atingiu o Panamá no último ano fiscal causou uma redução significativa no número de navios que cruzaram o canal do Panamá, uma das rotas mais estratégicas do comércio mundial. Segundo a Autoridade do Canal do Panamá (ACP), o volume de embarcações caiu 29%, passando de 14.080 navios no ano fiscal anterior para 9.936 navios entre outubro de 2023 e setembro de 2024.
A principal causa dessa queda foi a escassez de água que afeta os dois lagos artificiais usados para operar o canal. Diferentemente de outros canais, como o de Suez, o canal panamenho depende de grandes volumes de água doce para elevar e baixar as embarcações ao longo dos seus 80 quilômetros de extensão. A falta de chuvas forçou a ACP a implementar medidas restritivas no final de 2023, diminuindo o número diário de travessias de 38 para 22 navios.
Essa redução impacta o transporte de cargas. Os porta-contêineres lideraram as travessias, com 2.773 passagens, seguidos por navios químicos (1.808), gaseiros (1.561) e graneleiros (1.278). A menor passagem de navios através do canal resultou em atrasos e replanejamento logístico para muitas rotas que dependem da conexão entre o Oceano Atlântico e o Pacífico, especialmente entre a Ásia e a costa leste dos Estados Unidos.
Apesar da queda no número de travessias, a previsão da ACP para 2025 é otimista, com uma expectativa de 13.900 navios transportando 520 milhões de toneladas de carga, o que pode gerar uma receita recorde de US$ 5,623 bilhões.
Com aproximadamente 5% do comércio marítimo mundial passando pelo canal do Panamá, a seca e suas consequências reforçam a vulnerabilidade de rotas comerciais importantes diante de mudanças climáticas, e ressaltam a importância de soluções sustentáveis para garantir a continuidade das operações em uma das passagens mais estratégicas do mundo.